3 de junho de 2024
Os vazamentos monumentais de rejeitos de mineração em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) desencadearam uma busca urgente por novas destinações para os resíduos minerais, principalmente aqueles provenientes da extração de minério de ferro. Mineradoras, startups e universidades têm se mobilizado para transformar esses resíduos em produtos úteis, como telhas, tijolos, pavimentos, madeira plástica e fertilizantes.
Legislação e Inovações Tecnológicas
A aprovação da Lei Federal nº 14.066, em 2020, que proíbe a instalação de barragens de rejeitos a montante, motivou ainda mais essa busca. A lei visa prevenir tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho, promovendo métodos de descarte de rejeitos mais seguros e sustentáveis. Uma das técnicas exploradas é o backfilling, que consiste em utilizar os rejeitos para preencher as cavidades formadas pela mineração. Apesar de mais caro, esse método oferece maior segurança e potencial de recuperação ambiental.
Outro método em destaque é o empilhamento a seco dos resíduos, que remove a umidade dos rejeitos antes do descarte. Embora mais seguro que as barragens tradicionais, o empilhamento a seco não é isento de riscos, como demonstrado pelo incidente com a mineradora Vallourec em 2022.
Produção e Reaproveitamento de Rejeitos
O Brasil, segundo maior fornecedor mundial de minério de ferro, gera entre 86 milhões e 172 milhões de toneladas de rejeitos por ano. A Vale, maior mineradora do país, produziu 321,2 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023, com 48,6 milhões de toneladas de rejeitos. Desde 2014, a Vale investe em pesquisas para o reaproveitamento desses resíduos, inaugurando uma fábrica de blocos de construção e pavimentação que utiliza areia gerada no processo de extração.
A Samarco também tem investido em tecnologias para uma mineração mais segura e menos impactante. Desde 2020, a empresa tem focado no empilhamento a seco de rejeitos e no desenvolvimento de concreto utilizando resíduos arenosos.
Parcerias e Inovações Acadêmicas
Pesquisas acadêmicas têm sido cruciais para desenvolver novas tecnologias de reaproveitamento de rejeitos. A UFMG, em parceria com o Senai de Belo Horizonte, criou o Centro de Escalonamento de Tecnologias e Modelagem de Negócios (Escalab) para conectar conhecimento acadêmico às necessidades do mercado. A startup Geeco Materiais e Engenharia, por exemplo, desenvolve blocos e revestimentos com rejeitos minerais, substituindo o cimento comum e reduzindo emissões de CO₂.
Na USP, a pesquisa liderada pelo engenheiro-agrônomo Tiago Osório Ferreira avalia o uso de rejeitos de mineração na agricultura, melhorando a capacidade do solo de reter água e nutrientes. Um projeto promissor envolve a planta taboa (Typha domingensis), que pode descontaminar solos contaminados por rejeitos de mineração.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos avanços, o aproveitamento de rejeitos de mineração ainda enfrenta desafios logísticos e econômicos. O custo elevado de novos produtos como a madeira plástica, apesar de sua durabilidade superior, limita sua aceitação no mercado. Para transformar efetivamente a gestão de rejeitos, é necessário produzir menos resíduos e garantir a segurança do material não reaproveitado.
A busca por soluções sustentáveis para os rejeitos de mineração está em andamento, com resultados promissores em várias frentes. Nesse contexto, a WMG desempenha um papel fundamental ao fornecer componentes de alta qualidade, como rótulas oscilantes, essenciais para a operação segura e eficiente das máquinas utilizadas na extração e processamento de minerais. Com um compromisso contínuo com a inovação e a sustentabilidade, a WMG apoia a transformação da indústria mineradora, promovendo práticas mais seguras e responsáveis.